11 de mar. de 2014

DOZE ANOS SEM EPISIOTOMIAS E A CENSURA DO FACEBOOK

Por Melania Amorim

"Ontem tive o dissabor de receber mensagem do Facebook me avisando ter removido o meu post em que comemorava um fato para mim muito marcante, DOZE ANOS sem realizar episiotomias, e a foto com que ilustrava a campanha "TIRE A MÃO DAÍ", aliás uma foto já bastante divulgada nesta e em outras redes sociais, inclusive no meu blog. Mais ainda, o Facebook, atendendo decerto à denúncia de algum puritano hipócrita e/ou episiotomista confesso e/ou inimigo da causa da Humanização do Parto, bloqueou o meu acesso por 24 horas.

Que a foto é forte e chocante, CLARO! Assim também o é a episiotomia e mais chocante que a foto é saber que diariamente milhares de mulheres em nosso País estão sendo submetidas rotineiramente a um procedimento cuja falta de efetividade para facilitar o parto e proteger o assoalho pélvico já foi demonstrada e cujos efeitos deletérios já foram bastas vezes demonstrados. EPISIOTOMIA DE ROTINA É VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA! E mais ainda, eu defendo que o corte mutilador, a incisão cruenta e ampla do períneo, NÃO SEJA REALIZADA NUNCA! Não entendo por que um procedimento é introduzido sem a menor evidência na prática médica e agora nós, mulheres, é que temos que apresentar evidências de que essa prática é desnecessária e prejudicial. Mas enfim, as evidências estão aí se somando, em breve teremos ainda mais argumentos, mas é importante salientar: já SOBRAM EVIDÊNCIAS de que não se deve realizar episiotomia de rotina e infelizmente nós continuamos sendo cortadas, sem que sequer nos comuniquem ou consultem.

Posto novamente, agora como nota, o meu texto do dia 8 de março de 2014 e, para evitar que novamente me censurem, em vez da foto censurada indico links para o meu blog, onde além de fotos apresento a história da episiotomia, a voz das mulheres e as evidências científicas disponíveis sobre o procedimento. Boa leitura!

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Em 8 de março de 2014 Melania Amorim escreveu:

Quase meia-noite, em breve estarei completando este marco que representa para mim uma grande conquista e superação: 12 anos SEM episiotomias! Em uma sexta-feira, dia 8 de março de 2002, eu realizei a minha última episiotomia, em uma época em que minha taxa pessoal de episiotomias já era de 5%... Essa última, eu a acreditei necessária, certamente não a faria hoje em dia.

Para quem teve uma educação médica dentro de outro paradigma e passou anos acreditando que era necessário cortar períneos para facilitar o parto e (paradoxalmente) preservar o assoalho pélvico feminino, para quem efetuou milhares de vezes esse procedimento, foi uma transformação e tanto...

... mas ainda estou em dívida com as mulheres. Somente pedir desculpas não adianta, portanto transformo esse débito em compromisso, na luta para evitar o corte mutilador, no protesto contra as episiotomias de rotina, uma das formas de violência obstétrica infelizmente ainda muito comum em nosso País, não apenas pelo ato em si, mas pelo que ele significa, a crença de que o corpo feminino é essencialmente defectivo e depende da intervenção médica para parir.

Neste 8 de março eu prossigo em campanha PELA ABOLIÇÃO DAS EPISIOTOMIAS DA PRÁTICA OBSTÉTRICA!

TIRE A MÃO DAÍ!





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